No próximo Domingo, dia 2 de Agosto, o projecto
Ofélia sai à rua para fazer a sua primeira apresentação pública na Praça da
Devesa, pelas 18h30.
Vimos para a rua para iniciar um caminho de
partilha do processo de criação do espectáculo Ofélia com a comunidade de
Castelo Branco.
Fazemo-lo usando a performance. Vamos
experimentar, em situação, em tempo real, algum do vocabulário coreográfico que
temos vindo a criar nos nossos ensaios. Vamos desafiar-nos em conjunto, num
processo de escuta elevado. Cada mulher participante – vamos ser 8 - vai
precisar de escutar o grupo, o espaço, quem passa e a si própria. Desta
experiência iremos retirar novos elementos para trabalhar na sala de ensaios.
Tudo o que acontecer, naquele momento, naquele lugar será novamente transformado,
redimensionado. Estar em processo de criação para nós é isso mesmo, propor,
experimentar, seleccionar, analisar, sintetizar até chegar a uma linguagem, a
um pensamento muito próprio. Sempre em relação. As artes performativas
constroem-se na relação. Relacionamos sentidos, relacionamo-nos entre nós
enquanto pessoas envolvidas no processo, até chegarmos ao momento crucial em
que nos colocamos em relação com o público.
O espectáculo Ofélia só estreará dia 9 de Outubro,
no Centro Artístico Albicastrense. Domingo damos mais um passo nessa direcção.
Escolhemos fazê-lo na rua – nas Docas - intencionalmente.
A Violência e o seu exercício, seja sobre quem
for, assumindo seja que forma for, física ou psicológica, visível ou invisível,
é um assunto que diz respeito a todos e a todas. Interessa a todas as pessoas
estar atentas, ser conscientes de forma activa e não alarmista. Somos,
duplamente alvos e instrumentos de Violência. Não é, não pode ser do foro do
privado, não se encontra apenas em sítios distantes que entrevemos em imagens
dos média.
Performar na rua tem esse intuito, levantar
questões a todos e a todas.
O formato que escolhemos para este momento em
particular pensa o público e o privado, o interior e o exterior, a pessoa e a
comunidade.
Fazer da praça o nosso lugar de actuação pretende
estabelecer elos de ligação,
deixar pistas que abram espaços de interpretação das linguagens das
artes performativas, que comunicam, simplesmente, e em primeiro lugar através
do corpo que se expressa de forma múltipla e imediata. A todos os que passarem
por ali no Domingo, deixamos o convite: Estejam connosco aceitando todas as
sensações, estranhezas e pensamentos.
Maria Belo Costa | Pé de Pano – Projectos
Culturais
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