quinta-feira, 30 de julho de 2015

Sobre Pesquisa Performativa em Espaço Público I.




No próximo Domingo, dia 2 de Agosto, o projecto Ofélia sai à rua para fazer a sua primeira apresentação pública na Praça da Devesa, pelas 18h30.
Vimos para a rua para iniciar um caminho de partilha do processo de criação do espectáculo Ofélia com a comunidade de Castelo Branco.
Fazemo-lo usando a performance. Vamos experimentar, em situação, em tempo real, algum do vocabulário coreográfico que temos vindo a criar nos nossos ensaios. Vamos desafiar-nos em conjunto, num processo de escuta elevado. Cada mulher participante – vamos ser 8 - vai precisar de escutar o grupo, o espaço, quem passa e a si própria. Desta experiência iremos retirar novos elementos para trabalhar na sala de ensaios. Tudo o que acontecer, naquele momento, naquele lugar será novamente transformado, redimensionado. Estar em processo de criação para nós é isso mesmo, propor, experimentar, seleccionar, analisar, sintetizar até chegar a uma linguagem, a um pensamento muito próprio. Sempre em relação. As artes performativas constroem-se na relação. Relacionamos sentidos, relacionamo-nos entre nós enquanto pessoas envolvidas no processo, até chegarmos ao momento crucial em que nos colocamos em relação com o público.
O espectáculo Ofélia só estreará dia 9 de Outubro, no Centro Artístico Albicastrense. Domingo damos mais um passo nessa direcção.
Escolhemos fazê-lo na rua – nas Docas - intencionalmente.
A Violência e o seu exercício, seja sobre quem for, assumindo seja que forma for, física ou psicológica, visível ou invisível, é um assunto que diz respeito a todos e a todas. Interessa a todas as pessoas estar atentas, ser conscientes de forma activa e não alarmista. Somos, duplamente alvos e instrumentos de Violência. Não é, não pode ser do foro do privado, não se encontra apenas em sítios distantes que entrevemos em imagens dos média.
Performar na rua tem esse intuito, levantar questões a todos e a todas.
O formato que escolhemos para este momento em particular pensa o público e o privado, o interior e o exterior, a pessoa e a comunidade.
Fazer da praça o nosso lugar de actuação pretende estabelecer elos de ligação,  deixar pistas que abram espaços de interpretação das linguagens das artes performativas, que comunicam, simplesmente, e em primeiro lugar através do corpo que se expressa de forma múltipla e imediata. A todos os que passarem por ali no Domingo, deixamos o convite: Estejam connosco aceitando todas as sensações, estranhezas e pensamentos.

Maria Belo Costa | Pé de Pano – Projectos Culturais



sexta-feira, 24 de julho de 2015

ESTUDO PERFORMATIVO I - Encontro com espaços públicos de exterior



A violência pode exercer um efeito de desaceleração sobre o corpo. É o invés da força.
Silêncio, imobilidade e queda. 
Sem resignação. Desconstruímos a velocidade da dor física. 
Imobilidade em queda. 
E exercitamos a capacidade desta desconstrução ser geradora de reacção.


 




domingo, 5 de julho de 2015

OFÉLIA EM PROCESSO

Certamente, uma das mais óbvias distinções entre o poder e a violência é que o poder tem a necessidade de números, enquanto que a violência pode, até um certo ponto, passar sem eles por basear-se em instrumentos. (...) A forma extrema do poder resume-se em Todos contra Um, e a extrema forma de violência é Um contra Todos. E esta última jamais é possível sem instrumentos. Da violência, Hannah Arendt


O Projecto Ofélia arrancou no dia 9 de Maio com um grupo de 12 mulheres que, desde então, se tem encontrado no Centro Artístico Albicastrense em sessões de trabalho regulares.
Ao longo de quase dois meses, temos vindo a desenvolver um processo de pesquisa-formação performativa orientado para a estruturação de uma linguagem comum (estética, artística e conceptual) e para uma pesquisa teórico-prática sobre a Violência englobando os seus diversos sentidos e formas.
Perseguimos sobretudo a ideia de que o trabalho de construção e desconstrução criativa do gesto, do movimento, do som, da palavra, da sensação, da emoção e da memória constituem ferramentas metodológicas válidas não apenas para o universo da criação artística mas também para a investigação nas áreas das ciências humanas e das ciências sociais.
Ficam algumas imagens reveladoras de diferentes momentos deste processo.